Hidrogênio é essencial para agenda de transição energética

Há no mercado de energia o entendimento de que o hidrogênio terá papel fundamental na descarbonização da matriz energética mundial. As diretrizes do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) foram bastante claras sobre os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) necessários ao Brasil para que seja ampliado o conhecimento técnico-científico acerca do tema, de maneira a suprir lacunas tecnológicas e possibilitar a estruturação de uma cadeia produtiva no País.

Equipes de pesquisadores do Lactec – centro de referência para o mercado de energia em tecnologia e inovação – já trabalham no tema e a organização promoveu em outubro o debate “Hidrogênio Energético: PNH2, cases e oportunidades”, que posteriormente foi convertido em 8º episódio do Energy Tech Talks, do Canal Energia, by Informa Markets. Participaram do evento um especialista do Lactec, representantes do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren).

A abertura do evento ficou por conta do presidente do Lactec, Luiz Fernando Vianna, que destacou que a proposta deste tipo de encontro é contribuir para a construção desse novo e promissor mercado. “O momento é de diálogo, de troca de conhecimentos e experiências para que, nesse espírito colaborativo entre os agentes envolvidos, possamos ajudar a desenhar uma estratégia para o hidrogênio no Brasil. Como parceiros tecnológicos do setor de energia, estamos prontos para apoiar os players desse mercado”, declarou Vianna.

Em sua fala a respeito da importância do hidrogênio para a transição energética, a chefe da Assessoria Especial em Assuntos Regulatórios do MME, Agnes Maria de Aragão da Costa, destacou os eixos e condutas do PNH2 e adiantou alguns desdobramentos em relação às políticas para o tema “O PNH2 possivelmente não será uma lei, mas uma agenda de trabalho plurianual, com metas, prazos, responsáveis […], justamente para que a gente possa nivelar expectativas e todo mundo saber como o Brasil está evoluindo e como cada um pode contribuir nesse esforço”, declarou Costa, complementando que a governança do PNH2 será baseada em um comitê técnico representativo de todas as partes interessadas.

Vivências no Brasil e no mundo

O presidente da Abren, Yuri Schmitke Almeida Belchior Tisi, também esteve no evento e traçou um paralelo entre a destinação adequada aos resíduos sólidos no Brasil e a viabilidade de produzir hidrogênio, a partir de uma tecnologia de tratamento dos resíduos. “Essa é uma rota tecnológica que está sendo considerada mundialmente”, afirmou Tisi, ao falar de projetos em países como Japão e Índia, que produzem hidrogênio a partir do processo de gaseificação de biomassa ou de plástico.

A comunidade técnico-científica brasileira já foi desafiada em 2001 a desenvolver uma rota tecnológica baseada no hidrogênio face à crise energética da época, como lembrou o pesquisador do Lactec na área de eletroquímica, Patricio Impinnisi. À época, em parceria com a Copel, o Lactec desenvolveu um projeto de pesquisa e desenvolvimento com células a combustível de hidrogênio para avaliar a geração de energia elétrica e térmica. Pelo período de dez anos, a pesquisa não só comprovou a eficiência da tecnologia como resultou em vários outros aprendizados sob as perspectivas técnica e ambiental. Contudo, outras tecnologias – como as baterias – acabaram sendo priorizadas.

O pesquisador também declarou que “hoje, 20 anos depois do início daquele projeto, o mundo se volta novamente para a utilização do hidrogênio como um vetor energético estratégico, principalmente para atingir as metas ambientais determinadas pelo Acordo de Paris” e completou: “O Lactec é um instituto que trabalha incansavelmente para fortalecer as bases tecnológicas do País e está pronto para colocar sua capacitação profissional, sua infraestrutura, seu conhecimento e experiência, no intuito de superar todos os possíveis obstáculos que possam surgir no caminho de tornar a economia do hidrogênio um fato real”.

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