Ampliação do mercado de veículos elétricos no Brasil anima, mas exige investimentos

Dados divulgados pela Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores) apontam um salto de 1.000% nas vendas de veículos elétricos e híbridos em 2022 se comparadas aos números de 2018. Ao todo, foram 49,3 mil unidades vendidas só no ano passado ante as 4 mil do período anterior. A projeção é de que mais 71 unidades sejam comercializadas em 2023.

Com modelos médios na casa dos R$ 150 mil, os valores para aquisição de veículos elétricos e híbridos ainda são considerados elevados por uma grande parcela da população, contudo, trata-se de uma demanda crescente em escala global. Há expectativa de um crescimento também em relação aos veículos pesados.

A estimativa da Anfavea é de que, até 2030, o mercado de elétricos represente entre 12% e 22% do total de vendas no País, com a possibilidade de superar o comércio de veículos a combustão até 2035, numa projeção mais otimista de 62% até 2035.

Necessidade de investimentos

O cenário, contudo, exige que sejam realizados investimentos significativos no setor, uma vez que é preciso garantir que a indústria nacional consiga dar vazão a essa demanda. Na avaliação da entidade, a importação de volumes como os projetados pode causar prejuízo à balança comercial, além de prejudicar toda a cadeia da indústria automotiva nacional, que ficaria ociosa, colocando em risco os mais de 1,3 milhão de postos de trabalho gerados pelo setor no Brasil.

A ampliação da infraestrutura de recarga também é um importante passo para o desenvolvimento do mercado de elétricos e híbridos no País. Hoje, os usuários encontram dificuldades para o abastecimento dos veículos. Um estudo divulgado pela Anfavea aponta a necessidade de instalação de pelo menos 150 mil carregadores em todo o País – um investimento de aproximadamente R$ 14 bilhões.  Além disso, há o impacto na matriz energética, uma vez que a demanda adicional projetada seria de 1,5% da carga gerada atualmente, o equivalente a 7.252 GWh (Gigawatt-Hora).

Desafios de produção

Outra barreira para a popularização de modelos elétricos e híbridos no mercado é o custo da bateria. O dispositivo, que pode chegar a 400 kg, tem custo aproximado de R$ 54 mil para o fabricante, o que torna a produção mais cara e o valor final menos competitivo.

O setor busca desenvolver alternativas e investe em tecnologia e pesquisa de maneira constante. No entanto, ainda cabe ao consumidor pesquisar a melhor relação custo-benefício em termos de potência, durabilidade e manutenção.

A ampliação do mercado passa pelo desenvolvimento de equipamentos com preços menores e pela desmistificação de que modelos elétricos são menos potentes que os movidos a combustíveis fósseis.

Como funcionam os modelos elétricos e híbridos

BEV – Battery Electric Vehicles – O tipo mais frequente de modelo puramente elétrico, em que a energia provém da bateria e a recarga é feita pela conexão à rede elétrica.

FCEV – Fuel Cell Electric Vehicles – Modelos cuja carga das baterias é feita por uma célula-combustível, normalmente a hidrogênio.

RPEV – Road Powered Electric Vehicles – Incluem-se nessa categoria os trólebus – que, a princípio, não dispõem de baterias, estando constantemente conectados à rede elétrica.

HEV – Hybrid Electric Vehicles – São aqueles que combinam um motor a combustão interna com um ou mais motores elétricos para propulsão. Por combinar os dois tipos, os motores têm menor porte que nas configurações plenas. Em linhas gerais, quanto maior o nível de hibridização, maior o motor elétrico, o alternador e a bateria, e menor o motor a combustão. Os HEVs não dispõem de estrutura para conexão à rede elétrica. Não há cabo nem conector para recarregar a bateria diretamente. A carga provém do próprio motor a combustão e de mecanismos como a frenagem regenerativa, que recarregam a bateria. O usuário precisa, portanto, abastecer o veículo com combustível.

PHEV – Plug-in Hybrid Electric Vehicle – Híbridos com uma configuração semelhante à dos HEVs, mas com a possibilidade de recarga diretamente na rede elétrica. A diferença está nos componentes elétricos (como motor, alternador e bateria), que são ainda maiores e possibilitam a operação integralmente em modo elétrico, já que a bateria pode ser recarregada diretamente na rede.

No Brasil, os modelos que mais se destacam em termos de venda são PHEV, com um aumento de 106% de emplacamentos em relação a 2022; os BEV, com crescimento de 22%; e HEV flex, tanto para etanol quanto para gasolina, com 44% de elevação nos emplacamentos.

Cenário global

Ainda há uma grande diferença entre a adesão dos consumidores em escala global. Isso porque os países europeus ainda têm grande dependência de combustíveis fósseis para manutenção de sua matriz energética e, diante do cenário de emergência climática, ações mais contundentes para redução de emissão de gases têm sido exigidas pela sociedade.

Em 2022, o bloco da União Europeia chegou a um acordo para o compromisso de que até 2035 não sejam mais produzidos veículos movidos a gasolina e diesel no território. Além disso, as montadoras deverão cortar em 100% suas emissões de CO2 até a data.

No Brasil, o cenário em relação à energia é outro, uma vez que mais de 80% da matriz energética nacional é limpa. O País, contudo, também precisa fazer sua parte para neutralizar a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Mas os consumidores brasileiros, em sua maioria, buscam nos carros elétricos vantagens em relação ao custo com combustíveis como gasolina e diesel, que nos últimos anos sofreram aumentos significativos.

O governo brasileiro já investiu em ações para fomentar o desenvolvimento do mercado de híbridos no Brasil, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido em termos de pesquisa e infraestrutura.

Montadoras como VW e Toyota realizam parceria com universidades brasileiras para transformar o etanol em fonte de hidrogênio para carros movidos às chamadas “células de combustível”. Além disso, o hidrogênio verde (HVO), se comparado ao diesel fóssil, emite entre 50% e 90% menos gases de efeito estufa. Investimentos nesse sentido seriam extremamente benéficos tanto no transporte urbano quanto no de cargas.

Fonte: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/veiculos-eletricos

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